O Hospital da Misericórdia de Lagos
Não se conhece a data de fundação do Hospital da Misericórdia, apenas se pode afirmar que é anterior a 1560, data de documento que comprova a aquisição de uma casa para sua ampliação. Sabe-se, no entanto, que “O Hospital passou por várias transformações e teve mais do que uma localização.” (Pinto, 1968:72).
O edifício actual, localizado na Rua Castelo dos Governadores, e onde funciona o Hospital Distrital de Lagos, foi construído, em parte, no terreno do antigo do Palácio dos Capitães Generais do Algarve que, após o Terramoto de 1755, ficara em ruínas e fora demolido. O terreno foi cedido à Misericórdia de Lagos pela Lei de 7 de maio de 1850 (Carta de Lei de D. Maria II concedendo um terreno à Misericórdia de Lagos destinado a aumentar as enfermarias do seu Hospital – Diário do Governo, n.º 117, de 20 de Maio de 1850). Recebeu melhoramentos e várias obras em 1881 e 1910, segundo documentos do Arquivo Histórico da Misericórdia de Lagos.
A Câmara Municipal de Lagos estabelecia contratos de avença com vários médicos, cirurgiões e boticários, de modo a que estes tratassem gratuitamente os doentes pobres protegidos pela Misericórdia. (Corrêa, 1998:446).
Após a revolução de 1974, os serviços do Hospital foram nacionalizados, contudo o edifício continua a figurar no património da Santa Casa da Misericórdia de Lagos.
A Igreja de Santa Maria
(Antiga Igreja da Misericórdia de Lagos)
Não existem registos da data de fundação da Igreja da Misericórdia. Contudo, sabe-se que existia uma ermida na antiga Ribeira dos Touros, atual Praça Infante D. Henrique, onde foi instituída a Irmandade da Misericórdia de Lagos.
A Ermida, anterior à formação da Confraria, foi ampliada em 1550 para uma azinhaga doada por D. João III. Destas obras de ampliação, conserva-se ainda o pórtico lateral que dá para a Rua Castelo dos Governadores, com uma inscrição gravada no seu cimo datada de 1568.
Pensa-se que as obras só foram terminadas em 1599, quando se iniciou a prática do culto neste templo, segundo provisão do Senhor Bispo do Algarve, D. Fernando Martins Mascarenhas, autorizando a celebração da missa dominical e das confissões.
Em 1612, foi erigido o pórtico clássico que dá para a atual Praça Infante D. Henrique. No cimo do pórtico, existe um nicho onde esteve colocada uma imagem de Nossa Senhora da Misericórdia.
O terramoto de 1755 provocou poucos danos na Igreja, mas arrasou por completo a Igreja Matriz de Santa Maria, sede da paróquia. No ano seguinte, depois de algumas obras de restauro, foi então cedida a Igreja da Misericórdia à paróquia de Santa Maria, para celebração dos seus atos. A Igreja de Santa Maria não voltou a ser reerguida.
Em 1888, houve um incêndio na Igreja, durante os preparativos da festa Corpus Christi, ardendo todo o seu interior. A sua reconstrução foi possível graças ao apoio da benemérita D. Maria Júdice Bycker Moral Cañete, e de seu marido. Três anos depois foi reaberta ao público, na presença de D. António Mendes Belo, Bispo do Algarve.
A Casa do Despacho da Confraria da Irmandade da Misericórdia localizava-se nas dependências da Igreja, hoje ocupadas pelo Cartório Paroquial.
CORRÊA, F. C. (1998). Elementos para a História da Misericórdia de Lagos. Lagos: Santa Casa da Misericórdia de Lagos.
PINTO, V. R. M. e PINTO, M. H. M. (1968). As Misericórdias do Algarve. Lisboa: Ministério da Saúde e Assistência.